Roda girante

E eu que pensei que ia dormir,
despertei derrepente ao som do Velho Chico,
que corre retrógado em meu coração gira-brequim...
brincando de assanhar sonhos de riso, alegria e dor...
Roda que gira, gira e gira, pira e pirofagia
Me joga em tempos de balada, bofetada, desespero e gargalhada,
ardor vital que impulsiona, abandona e retoma...
Brinca, brinca e brinca, fere, mata e ressuscita...
Roda faceira, girante, passageira...
me joga nos tempos de criança, aborrescente, adorável dor de cabeça e torpor...
acho que eu vou vomitar... e daí?
acho que vou cair... e daí?
acho que vou me esfolar no chão...
e então?
então tudo bem, desde que o daniel´s sobreviva,
para mais uma pirofagia com o jack.
e o remorso? breve.
e o torpor? constante.
e a vida? à toda! à todo instante.
e eu? eterno! até que a casca quebre.
mas enquanto não...
Roda faceira, girante, passageira...
ardor vital que impulsiona, abandona e retoma...
para cair e levantar...
enquanto a casca não quebrar.

carvaggian - 17 de novembro de 2004