domingo, 1 de abril de 2007

Papillon - 1ª Parte

Como um novo abrir de azas,
como uma interminável espera,
fecho meu olhos e olho pra dentro de mim mesmo,
e me vejo...de olhos abertos.
não como era,
não como queria,
mas como sou, o que não aparento,
não liberto.
sou a vastidão de um mundo a descobrir,
presa entre a capa e contra-capa de um livro fechado;
sou o machado do carrasco e a piedade do algoz.
sou o silêncio encoberto pela voz
dos que gritam em meu nome, mas jamais por mim.
Eu vejo, mas não compreendo.
Não ainda.
Há tantas vozes gritando...
Dizendo quem sou,
o que posso, o que não...
como sou, como não...
o ínício e o fim...
do que sou, do que não...
Vozes que nada sabem, mas tudo ditam...
o que visto, o que não...
como corto o cabelo, como não...
o que digo, o que não...
meu desespero... esse não.
Disso nada sabem as vozes, apenas eu vejo.
E cumprindo a jornada, quase no fim, sei apenas que...
Vim, vi e esqueci...
quem sou, quem não.


carvaggian - novembro de 2004

Nenhum comentário: