terça-feira, 3 de abril de 2007

Prefácio: Olhos Fechados

É estranho ver dentro da escuridão, quando estamos de olhos fechados para fora, mas abertos para dentro de nós mesmos.Algumas vezes pensamos nos ver, mas enxergamos fantasias e medos que não nos definem, apenas nos pintam: para os estrangeiros, para os conhecidos, para nós mesmos, pra quem somos e não conhecemos... para cada um, uma imagem diferente; Um auto-retrato surrealista, romântico, barroco, de mau gosto.Nós que não somos nós, que não somos nada senão uma sombra moribunda à luz da verdade. Ah, inevitável verdade que nos atinge, aflige, liberta e mata... Glorioso impulso para o alto de todas as coisas reais e não reais, abstratas e concretas, fúteis e contemplativas... Verdades que me levam a assumir que escrevo simplesmente porque não posso evitar, não o quero, mas não o compreendo para julgar. Apenas escrevo e é tudo que sei.Revelo à estranhos o que não posso assimilar o real significado. E pra quê? Não o sei, não o quero saber e continuo não compreendendo para julgar.Escrevo apenas porque é legível, pois se fosse sonoro, o cantaria.De olhos fechados escrevo na escuridão palavras que só são compreendidas por aquele que vê dentro de mim, mas não por mim mesmo.Teclo e revelo, conto e omito, jogo o jogo cujas regras não são claras à luz do dia...Rascunho palavras entalhadas n'alma, como se fosse o ensaio de uma peça que não pretendo (temo) assistir. Um espetáculo iluminado pelo neon de algo superior, interior, intenso, duvidoso... inevitável.Inevitável verdade que só revela-se à meia-luz, de olhos fechados.

FAb

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