O Grupo Silvio Santos anunciou na noite desta terça-feira, 9, um aporte de R$ 2,5 bilhões no Banco Panamericano, do qual é o principal acionista, com recursos emprestados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O objetivo foi cobrir um rombo de R$ 2,5 bilhões descoberto cerca de um mês atrás pelo Banco Central, segundo o Estado apurou.
Segundo pessoas que acompanham o processo, o rombo é resultado de ativos e créditos fictícios registrados por diretores do Panamericano supostamente para inflar os resultados da instituição.
A operação de empréstimo junto ao FGC foi fechada no último fim de semana, depois que os técnicos do BC conseguiram dimensionar o tamanho do rombo. A fraude passou despercebida pelos controles internos do Panamericano, seus auditores independentes e até pelo pente fino da Caixa Econômica Federal, que no ano passado comprou 49% do capital do Panamericano. Pagou, na ocasião, quase R$ 750 milhões pela participação.
O FGC foi criado em 1995 com objetivo de proteger os depósitos dos clientes do sistema financeiro no País. O crédito para o Panamericano equivale a cerca de 10% do patrimônio do FGC, que somava R$ 25,8 bilhões no fim de setembro.
No fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o próprio Panamericano fala em 'inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade'.
No texto, o banco também informou a troca de toda a diretoria executiva. O diretor superintendente passa a ser Celso Antunes da Costa, ex-diretor de Integração do Banco Nossa Caixa.
Os R$ 2,5 bilhões que estão sendo aportados superam o atual patrimônio líquido da instituição, de R$ 1,6 bilhão. O banco é o 21º do ranking nacional, com ativos de R$ 11,9 bilhões ao fim de junho.
Um analista explicou que, caso o aporte não fosse feito, o Panamericano ficaria fora das regras do BC e teria de sofrer uma intervenção. O BC, segundo apurou a reportagem, não cogitou fazer a intervenção. Buscou uma solução de mercado.
Inédito. A solução que foi encontrada - empréstimo de longo prazo junto ao FGC - é inédita no País. Um especialista explicou que o banco provavelmente não encontrou no mercado um interessado (nem mesmo a Caixa) justamente por causa do rombo recém-descoberto. Ele observou, no entanto, que o FGC tem como função principal proteger o dinheiro dos depositantes.
Só que o Panamericano, especializado na concessão de empréstimos ao consumo, não tem uma base ampla de depositantes.
Nesta terça, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as ações do Panamericano apuraram fortes perdas, em meio aos rumores que atingiam a instituição. Os papéis preferenciais (PN) caíram 6,75%. No acumulado do ano, as perdas chegam a 35%.
Texto atualizado às 21h40
fonte: http://estadao.br.msn.com/economia/artigo.aspx?cp-documentid=26283232
Nenhum comentário:
Postar um comentário