domingo, 29 de abril de 2007

A verdade e suas formas

Certa vez um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Ele acordou assustado e mandou chamar um sábio para que interpretasse o sonho.

- Que desgraça, senhor! - exclamou o sábio. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade!Mas que insolente, gritou o sultão.

- Como se atreve a dizer tal coisa!E ele chamou os guardas e mandou que lhe dessem cem chicotadas.

Mandou também que chamassem outro sábio, para interpretar o mesmo sonho. E o outro sábio disse:

- Senhor, uma grande felicidade vos está reservada!!! O sonho indica que ireis viver mais que todos os vossos parentes!

A fisionomia do sultão iluminou-se e ele mandou dar cem moedas ao sábio.Quando este saía do palácio um cortesão perguntou:

- Como é possível? A interpretação que você fez foi a mesma do seu colega. No entanto ele levou chicotadas e você moedas de ouro!

- Lembre-se sempre, amigo - respondeu o sábio - tudo depende da maneira de dizer as coisas. E esse é um dos grandes desafios da humanidade. É daí que vem a felicidade ou a desgraça; a paz ou a guerra.

A verdade sempre deve ser dita, não resta a menor dúvida, mas a forma como ela é dita é que faz toda a diferença. A verdade deve ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém, pode ferir, provocando revolta. Mas se a envolvemos numa delicada embalagem e a oferecermos com ternura, certamante será aceita com facilidade.

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